Uma das principais dificuldades de técnicos e produtores é a correta identificação da giberela nas espigas. De forma geral, em condições climáticas muito favoráveis, o fungo produz estruturas que formam uma massa de coloração alaranjada (salmão), facilmente visualizada a olho nu em algumas espigas afetadas, em decorrência da produção de macroconídios de F. graminearum. Mas alguns sintomas diferem de uma cultura para outra:
Giberela em trigo – Os primeiros sintomas são identificados pelas aristas de espiguetas infectadas pelo patógeno que se desviam do sentido das aristas de espiguetas não infectadas e, posteriormente, aristas e espiguetas adquirem coloração esbranquiçada ou cor de palha. Em espigas de genótipos múticos, ou seja, sem aristas, ou apenas aristas apicais, a giberela é caracterizada apenas pela descoloração de espiguetas. Em lavouras no final de maturação torna-se difícil estimar a intensidade de ocorrência da doença uma vez que a parte afetada e a não afetada das espigas apresentam, ambas, a cor palha. Em genótipos muito suscetíveis, o pedúnculo com sintomas torna-se marrom.
Sob condições ambientais favoráveis, a giberela pode ocorrer na cultura de trigo a partir do espigamento, antes do florescimento, até a fase final de enchimento de grãos. Infecções precoces não permitem a formação de grãos e quando formados são chochos, enrugados, sendo a maioria de coloração branca a pardo e alguns podem apresentar a cor rosa.
Reconhecendo giberela em cevada – Os sintomas característicos são semelhantes aos observados em espigas de trigo, porém, raramente há desvio de sentido das aristas de espiguetas afetadas. A infecção geralmente ocorre em mais de um local na espiga, apresentando distribuição pontual, não sendo comum a evolução dos sintomas por toda a espiga. Os sintomas podem manifestar-se também na bainha da folha bandeira, quando as espigas ficam parcialmente retidas e encobertas. Neste caso, a infecção inicia pela espigueta exposta e progride pela bainha e, toda espiga pode ficar comprometida. Os grãos provenientes de espiguetas afetadas precocemente são mais finos em relação aos sadios, de cor marrom e podem apresentar, parcialmente, a cor rosa.
Giberela em triticale – Os sintomas são a descoloração de espiguetas, não sendo comum a alteração do sentido das aristas das espiguetas afetadas. Devido à coloração cinza das espigas desse cereal, os sintomas são mais facilmente identificados em espigas mais jovens. Os grãos afetados são menores, de coloração pardo-clara, e raramente são observados grãos de coloração rosa.
Momento de agir contra giberela
A giberela é uma doença de difícil controle onde a rotação de culturas e o uso de fungicidas têm sido pouco eficazes. Também não existem cultivares com nível satisfatório de resistência genética. A redução dos danos reside na adoção de cultivares menos suscetíveis, associada ao uso de fungicidas, que deve ser preventivo, antes que ocorra condições ambientais favoráveis à infecção pelo patógeno.
O agricultor também pode e deve fazer uso de estratégias de manejo, como o escalonamento de semeadura e/ou a semeadura de cultivares com ciclos distintos ao espigamento. O objetivo é propiciar a ocorrência de escape da doença, em pelo menos parte da área semeada. O escape ocorre quando, a partir do espigamento, as condições ambientais de precipitação pluvial e temperatura forem desfavoráveis à epidemia de giberela. Essas medidas de manejo têm que ser adotadas na instalação da lavoura.
Pesquisadora da Embrapa Trigo – Passo Fundo/RS
Fuente: http://www.paginarural.com.br/artigo/2544/trigo-reduzindo-as-perdas-por-giberela